
- Por Meire Godoy
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As portas que se fecham para os grandes… são janelas que se abrem para os pequenos
Como o fim das isenções nas importações está redesenhando o e-commerce global — e criando terreno fértil para negócios locais que sabem onde pisar.
Enquanto muita gente ainda se distrai com os memes da Shein e as polêmicas sobre taxação, os bastidores do comércio global estão mudando — e rápido. A DHL, uma das maiores empresas de logística do mundo, acaba de adquirir a IDS Fulfillment, uma operação com mais de 1,3 milhão de pés quadrados em armazéns nos EUA. Pode parecer só mais uma aquisição, mas para quem entende o jogo, esse movimento tem nome: reposicionamento estratégico.
Sabe o que está por trás disso? O fim da chamada isenção de minimis nos Estados Unidos — uma regra que permitia importar produtos de até US$ 800 da China sem pagar tarifa. Com o fim dessa facilidade, tudo muda: o barato já não é tão barato, o frete grátis começa a pesar, e o consumidor começa a repensar onde compra. Essa mudança de cenário está afetando plataformas gigantes, e sabe quem está ganhando espaço com isso? Quem é local, rápido e sabe entregar valor de verdade.
Esse movimento já deu sinais no Brasil. Em 2023, com a taxação das “comprinhas da Shein”, o assunto virou piada na internet, mas refletiu um fenômeno real: o consumidor brasileiro passou a olhar com mais atenção para o que é nacional, confiável e com entrega rápida. Segundo uma pesquisa da PwC, 80% dos brasileiros buscam avaliações antes de comprar, e 78% descobrem novas marcas pelas redes sociais. Isso mostra que o consumidor está mais atento, seletivo e aberto ao novo — desde que o novo entregue confiança e conveniência.
No Canadá, essa realidade já é habitual. O país tem uma das menores faixas de isenção de minimis do mundo (CAD$ 20), o que significa que importar sempre custou mais caro. O resultado disso? Um ambiente mais estável para negócios locais prosperarem — com menos competição desleal e mais incentivo ao consumo interno.
Agora, eu sei o que você deve estar se perguntando:
“Mas o que tudo isso tem a ver com a minha pequena empresa?”
E eu te respondo: tudo. Absolutamente tudo.
Se você ainda não percebeu, o movimento é claro: as grandes estão recuando de um espaço que você pode ocupar.
E você só precisa de três coisas pra isso: estrutura, posicionamento e coragem.
Com o aumento das tarifas internacionais, os produtos locais ganham relevância. A logística compartilhada, como a que a DHL está montando, permite que pequenos negócios usem estruturas profissionais sem precisar de grandes investimentos.
O consumidor que antes esperava 30 dias por um batom da China, agora prefere comprar da marca que entrega em 2 dias, responde no WhatsApp e ainda posta o pedido no Instagram.
A oportunidade está nas brechas:
- Você pode ser mais rápido do que eles.
- Você pode ser mais presente do que eles.
- Você pode ser mais confiável do que eles.
E tudo isso num momento em que o consumidor está, finalmente, mais aberto a olhar para o que está perto.
Essa não é apenas uma mudança tributária. É uma virada de chave. Uma chance real de construir relevância com base em diferencial — e não em desconto. De competir com propósito — e não com preço. De crescer pelas raízes — e não pelas brechas.
Enquanto uns reclamam das tarifas, outros estão aproveitando para crescer onde os gigantes tropeçam.
A pergunta é: você vai continuar importando problema… ou começar a exportar valor?
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